quarta-feira, 16 de março de 2011

espelhos.

espelhos. a solução é arranjares um. descobre o espelho que te mostra como é tudo à tua volta, sem mentiras, sem esconderijos ou fugas, sem labirintos de cores que te fazem sonhar e cegar sobre os podres daqueles que te rodeiam. anda demasiado ódio espalhado pelas ruas, e demasiados ladrões de amores sem piedade. defende-te, a realidade pode dar-te muito mais do que um pote de ouro no início de um arco-íris. 
com esse espelho podes ver nitidamente que o amor não anda por todo o lado como pensas, que para muitos o amor deixou de existir quando o coração deixou de acreditar ser possível continuar a bater. para esses, restam casos de partilha de emoções e adrenalinas, ou um exército de amigos que não desistem de uma guerra e festejam todas as batalhas vencidas como se o nascer do sol pelas horas longas da madrugada fosse uma incógnita.
olha-te ao espelho e vê como outros te vêem, aceita cada milímetro do teu ser, cada característica tua. depois, agarra naquilo que sabes que tens de bom e mostra-o ao mundo. espalha a tua felicidade, o teu amor. 
aceita-te. ama-te e ama. conhece-te e aos outros que já não acreditam, prepara-os, ainda é tempo. sorri para quem sempre quiseste, como uma criança que anseia pela chegada em câmara lenta de um chupa de mil cores. porque quando a noite chega e o nosso pedaço de mundo sossega, a simplicidade domina e o complexo ficou para a outra metade da Terra. 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011





certezas e incertezas. deixaste-me com tudo num meio de nadas. as loucuras chegaram ao fim, mas o impulso incontrolável com intensidades platónicas ainda permanece em mim. uma camada de intrigas e suspeitas desenfreadas colam-se na minha pele, tal como quando os nossos corpos explodiam de sentimento e êxtase era quase fatal. os teus olhos continuam a brilhar nos sonhos que não passam disso mesmo, meras fantasias de amor num impossível que transcende a teoria das probabilidades relativas num mundo desajeitado e com menos amor para oferecer e decadente e sedento de puro prazer enigmático. 
sem ti o sentido das palavras mudou, a representação de um romance mais do que de adolescentes paranóicos, uma química entre dois seres para quem o mundo parecia caber na palma da mão.


os momentos brilhantes que passei 
são relembrados com nostalgia, 
o respeito ultrapassa as margens 
das possibilidades de reconciliação.
 olha-me nos olhos e diz-me adeus. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

onde vais...


As certezas misturam-se na confusão de viver todos os dias. não sou um piano perfeito que não sabe como desafinar. o meu lugar não é este - a certeza cai em mim e não posso desejar muito mais do que partir. O lugar que melhor conheço é onde me sinto perdida. ruas transversais que se impõem, fazem juntar-me à necessidade do conhecer. a experiência deixa de ser infeliz, cresce com o tempo. 
estou entre sítio nenhum e cem. 
sabendo apenas a ignorância, num sopro tudo se vai e com ele tu também não ficas. deixei de ser sã na noite que se aproximou, me olhaste e o teu sorriso se abriu para conhecer alguém não menos débil do que tu. agarra-te bem, na montanha da solidão por onde vagueei será a tua vez de pisar. não penses no porquê, são apenas inevitabilidades. ligações manhosas entre o errado e a sorte perdida. tempo roubado que nunca voltará.
onde vais... onde quer que vás...
eu fico sempre aqui e espero que chegues.

domingo, 9 de janeiro de 2011

criações.



criações mirabolantes.
revirar de olhos que não precisam de palavras. códigos destemidos decifrados num sopro. esconderijos perfeitos no meio das ruas.
sonantes a meio da noite, a meio do dia.
chega de palavras insignificantes, trocas de linguagem com sentimentos adversos, impróprios à minha condição febril. a tua doença é o meu remédio. 
fusões distantes num presente intrigante e irreverente, onde cada um de nós interpreta o papel que melhor nos serviu, nesta peça de comédia romântico-desastrosa inspirada nas acções daqueles que mais nos representam. relações com material de exageros e confusões, químicas no sangue ou afectos desprezados por animais irrelevantes. 
para quê preocupação?

sem medo. torna-te útil. vive.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

limites


recriar a felicidade. os azares acontecem, são inevitáveis. a cabeça erguida deixa-me confiante de um amanhã poderoso sem querer voltar um passo atrás. quero mais, não me fico por aqui. agora que o copo está meio cheio, as energias no cimo da montanha não me deixam cair nas vertigens do passado. faço uma alteração na letra triste e componho-a como os meus olhos a querem ver. com ou sem ti eu consigo viver. não sobreviver, mas viver como tantas outras pessoas que vagueiam nas mesmas ruas frias e cheias de pudor sabem os crimes que cometeram. porque num passado muito imperfeito o meu limite era levantar-me da cama e não verter uma lágrima, mas hoje... o limite é o pensamento do que é o impossível, mas que sem recear vou provar o doce sabor de poder olhar para ti e dizer-te ao ouvido: eu fiz o impensável, agora tenta fazer mais do que o impossível.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

hoje.

quando a harmonia se funde com a criatividade e ando com um sorriso o dia inteiro. ao fim de tanto tempo consigo ser feliz. não gosto dele ou do outro. gosto de mim, eu sou o meu sol e a minha sobrevivência. não preciso dele nem daquele. 
sou feliz. porque a vida corre-me bem. e a ti?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010




Tenho escrito só com o coração. Muitas frases sem nexo, outras frases que não trazem nada de novo. mas agora quero escrever algo diferente, mesmo que não passem de trivialidades. desta vez acerto o que no meio de tanto errado me escapou tantas vezes... porque direito pode ser muitas coisas, o contrário de esquerdo, de torto, ou o simples direito de ser feliz e amar de novo. a surpresa vem de longe mas em força e não há outro destino senão esperar que chegue. 
hoje levo sempre no bolso das calças um papel com as palavras de um desejo que talvez nunca se realize. é de minha vontade que um dia aconteça, mas vou esperar que os sentimentos o façam sem forçar a pequena linha invisível, sonhadora como eu, que se dissipa cada vez mais rápido no horizonte de algodão doce.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

as cores do meu mundo


A ausência de cor dissipou-se. Finalmente acordei e o mundo estava a cores. o preto e branco em que vivia, cheio de angústias e pensamentos, esperanças perdidas e memórias desnecessárias, desvaneceu. já tinha saudades de conseguir apreciar o azul do céu, o brilho das estrelas que até então eram apenas pontos esbatidos impossíveis de apagar. as minhas manhãs são agora bonitas e vêm com emoção e esperança por que o dia seja diferente e bom. sim, porque quem é que disse que os dias têm de ser sempre iguais?
Neste meu mundo novo não cabe a infelicidade do que aconteceu. para mim não é preciso a Bíblia para conseguir perdoar. a força necessária para o fazer arranjei dentro de mim. perdoei-te, e mais importante do que te perdoar, perdoei-me. acho que a partir desse dia libertei-me e as cores correram para mim outra vez. na minha visão, tu ainda não consegues ver todas as cores como eu. porquê? acho muito simples: porque não ter vontade de estar com uma pessoa que amámos? no fim de contas esse sentimento deve ter uma razão que ultrapasse a linha do "porque sim". é tão estranho para mim não poder contar e desabafar tantas coisas com quem melhor me conhece. eu tenho esperança, e sei que um dia verás o mundo com as mesmas cores que eu, leve o tempo que levar. 
E quando as vires, aí...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

remember



combinámos a paz, as tréguas foram em vão. tão simples. uma simples mensagem. os teus dedos não foram capazes de carregar em pequenos botões. o teu cérebro continua sem vontade de saber de mim (ou será o coração?). os teus olhos no outro dia pareciam-me bastante felizes, simpáticos e verdadeiros, quando falaste comigo, lembraste? pensei que o teu sorriso fosse sincero. e os dois minutos de conversa fossem de tua honesta vontade. não há insistências da minha parte, tal não podes argumentar. falo-te menos do que a qualquer outro dos meus amigos. falo mais com meros conhecidos de meio dia do que contigo. 
este texto parece-me basicamente uma repetição, mas eu posso dizer que tentei tudo para que não nos afastássemos. duvidaste das minhas capacidades, do meu poder de compreensão. desacreditaste-me. e continuas a fazê-lo. não penses que quero desculpas, ou tentativas de explicação de sentimentos do passado que se devem a erros meus. já não precisas de o fazer. não preciso das tuas justificações. 
Sometimes it's hard to believe you remember me.
tal como também já te disse, tenho saudades da tua amizade. mas quando confrontada com atitudes que se resumem ao desprezo, então pergunto-me se ainda valerá o esforço, todo o tempo que passo preocupada e a tentar fazer tudo da maneira que acho correcta. mas tudo o que esteja ao meu alcance de fazer, dizer, mostrar, para ti, tudo isso não passará de algo errado por ser eu. isso sim, posso dizer-te que  dói. e esta dor é explicada pelas memórias dos sentimentos do passado que se devem a momentos criados contigo, a felicidade inexplicável que sentimos outrora, e que agora provavelmente já nem valorizas. sei que não vais ler isto, mas talvez devesses. mas para quê, não é? e mesmo que leias, não me irás dizer absolutamente nada. desta dor vem outra questão: porque mudaste tanto se já eras tão bom?
acho que te estragaste um bocadinho. pelo menos nessa altura não eras um metro e setenta de desilusão, confusão e dor para mim. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

dias


dias bons. dias maus. dias assim assim. ontem foi um dia bom. com força e garra para continuar. esgotei as forças e hoje fiquei internada nas minhas próprias memórias, sem energia para combater a falta de vontade que tenho de sair da cama. os meus olhos permanecem fechados. tenho tonturas, com aquele sono de inverno e tristeza anual, que me invadiram como uma injecção de uma droga qualquer. hoje é um dia mau. um dia não. engraçado classificarmos os dias assim, aos nossos olhos, uma vez que para tantas outras pessoas deste mundo serão dias-qualquer-coisa-diferente. no meu pequeno mundo é um dia triste, feio. continuo sem arranjar forças. parece que o meu corpo tirou férias e apenas consigo pensar em tudo o que não devo. em tudo o que prometi que não fazia mais parte da minha vida. hoje falhei a promessa. a curiosidade foi mais forte do que eu, sempre disse que não sou o que as pessoas acham, eu sou muito boa actriz no meu palco. a minha carapaça amoleceu e lá fui alimentar a minha idiota curiosidade. não fiquei feliz. não estou feliz. porque é que fiz então? não sei. agora está feito, mas vou tentar não o fazer mais. não quero abdicar nem mais um segundo da minha vida nada semelhante a tantas outras, invejosa das coisas fáceis dos outros, com aqueles (ou aquele?) que não merecem. 
a luta e os jogos fizeram-me crescer a carapaça que carrego todos os dias e só eu e ele a vemos. amanhã será um dia sim, eu vou sorrir para o sol, e brilhar mais do que uma estrela.