terça-feira, 29 de junho de 2010

Doce


Um doce. Por vezes preciso de um doce, por mais pequeno que seja. Um pequeno doce, que nem precisa de ser demasiado doce para me aguçar o paladar. Porque os dias podem ser demasiado amargos para os querer passar sozinha, mas não posso ter um abraço, um beijo. Tenho um doce. Algo que me anime e me dê um bocadinho mais de vontade para continuar a seguir, desorientada, o caminho à tua procura. Algo que me ajude a passar as amarguras dos dias e noites que infinitamente passam sem pedir licença e se vão embora sem dizer adeus. Um doce para quando faço uma pausa no caminho e olho em redor para te avistar, mas parece que estás cada vez mais longe, não sei se corres, se vais na direcção oposta, mas sempre te avisto mais longe, mais distante. Eu tenho sempre um doce. Os dias são mais pequenos assim. Queres um?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Rumo


Os meu pés dançam, perseguindo a luz das estrelas, sem rumo certo ou incerto. Apenas sabem que aqui não podem ficar, têm de continuar a tentar voar para longe, bem longe. Porque hoje este pedaço de terra nenhuma já não tem o mesmo significado que possa desejar e segurar a minha presença. Por entre as pedras e no meio da areia vagueiam, escutando o segredo do chão. Sem vergonha ou pudor, desvendam o mistério da vida que é viver. Viver sem qualquer rumo, apenas com uma bagagem imensa de dúvidas e esperanças perdidas com um misto de pequenas lembranças felizes que com o passar do tempo deixam de ter importância, porque a moda destes tempos é nunca esquecer os erros, em vez de reflectir e mitigá-los. No centro de toda a confusão brilhante deste lugar, só quero continuar o caminho, seja em frente, seja para onde for.

quarta-feira, 23 de junho de 2010



Guardo todos os antigos presentes numa caixa. Todos os brinquedos, todos os desenhos de mil cores trocadas. Nada mais interessa ou tudo não interessa mais. Intitulo-a de "Passado" e deixo-a no fundo do espaço, atrás de tudo o resto que existe. Deixo algo que também não mais interessa porque foi o plano mais bonito que desenhei contigo e que por erro e sem perdão deixei-me rasgar. O sentimento foi deixado em espera sem bilhete de volta e deparo-me com a lucidez do meu percalço. Agora apenas me contento com a limitação de preencher a caixa "Presente" sem voltar a pensar no que é agora antigo para ti.