sábado, 4 de setembro de 2010

uma mensagem





No último ano muitas coisas aconteceram. Em algum momento da vivi algo que me mudou, e me transformou numa pessoa que não queria ser. Tomei decisões erradas, atitudes pouco próprias. Fui ingrata para certas amizades, ingénua para outras. Pus fim a umas sabiamente. Pus pausa noutras por estupidez. Perdi um amor. Pensei ter achado outro que afinal era um erro no caminho. Tive as duas semanas mais difíceis da minha vida, onde lidei com a perda de alguém que respeitava e gostava muito.
 O querer estar só numa data tão esperada por tantos, os vinte, por não poder estar com as pessoas que queria, pelas várias razões. Sentir a solidão que me sorria com vaidade nas horas mortas que tomavam grande parte do meu dia. Ele esteve comigo, como sempre, é raro falhar. Não sei se por pena, se por simpatia. Se por ser uma das melhores pessoas que conheço. Depois de tudo o que fiz, tudo o que disse. No pior momento, ele esteve presente quanto permitiu a si mesmo. Não o culpo, no fundo, penso que o seu distanciamento é uma forma de protecção para não cair no abismo da dor novamente.
Faltou-me tudo, sabes? Não tinha o conforto das palavras da mãe, nem o tempo do pai. Pensava que me tinha acostumado a isso, mas naquelas duas semanas foi-me difícil. Tudo foi difícil naquelas duas semanas.
Sorria forçadamente, procurava soluções. Vagueava por memórias perdidas, sentimentos que julgava estarem apagados. Foi nestas duas semanas que mudei outra vez.
Nos últimos tempos conheci pessoas novas. Essas pessoas provavelmente não sabem, mas ajudaram-me a ultrapassar grandes coisas apenas pelo facto de estarem comigo. Vi novas realidades, novos pensamentos. Preenchi alguns buracos de solidão e foi aí que comecei a sentir a capacidade de erguer-me perante a vida. Até agora apenas me resumia a ver os dias passar, num silêncio sufocante. Reencontrei pessoas que estavam longe, longe do pensamento. Mais uma vez os meus erros deixaram cicatrizes irremediáveis em algumas. As pessoas novas que conheci, desta vez não deixei que me fizessem de brinquedo, fiz questão de perceber o que realmente queriam de mim. Caí naquele grupo de pessoas com um bom pára-quedas e surpreendentemente acolheram-me de braços abertos. Senti-me confortável. Senti-me feliz.

Quando decidi fazer esta viagem muitas coisas me passavam pela cabeça: queria sentir-me útil, sentir que pelo menos num lugar podia tentar fazer a diferença, coisa que aí não conseguia. Procurava um refúgio, um lugar onde pudesse pensar. Não como solução, mas como uma pausa prolongada na minha vida, longe de tudo e de todos.
Sabia que ao partir poderia perdê-lo. Mas estava disposta a esse risco. Afinal, se é tão fácil esquecer algo em apenas dois meses, talvez então não seja importante como se julgava, certo? Eu pelo menos penso assim. A sua ausência da minha vida poderia apagá-lo da minha memória ou aumentar o meu sentimento por ele. O meu coração escolheu a segunda opção, o que só o futuro poderá dizer se foi a escolha certa.
Quando a decisão foi tomada, poucos me apoiaram. Poucos acreditaram. Muitos desaconselharam. Fui contra todas as opiniões desfavoráveis e enverguei nesta viagem, que pelo menos para mim era uma aventura por descobrir.
Hoje já passaram quase dois meses. Muita reflexão. Muitas memórias daí, daqui. Muitas saudades.

Àqueles que me apoiaram nos últimos tempos, obrigada. Acho que não têm noção do quanto gosto de vocês, que me viram chorar, sorrir e me conheceram no meu pior. [vocês sabem quem são ;)] A vossa companhia e a vossa força foram e são muito importantes para mim. Os nossos momentos fizeram-me uma pessoa mais feliz e por nada deixarei que isso mude!

Aqueles que ainda estou a conhecer, mas que ao longo desta viagem fomos trocando impressões, esses que seria tão fácil mas não se esqueceram de mim, obrigada também. Tenho a certeza que vos vou conhecer ainda melhor nos próximos meses. Também vocês estiveram presentes e me receberam ainda melhor do que o que poderia imaginar.

A ela, que é um caso completamente isolado de todos os outros, pois estamos distantes à tantos meses: estou muito contente por finalmente estarmos mais que dispostas a pôr um fim ao período de ausência. Estou desejosa por a ver, acho que não há muito a resolver, mas falaremos depois. Espero que as coisas se voltem a compor. Obrigada por teres também tomado o passo!

A ele, não há muito a dizer. Estou eternamente grata por tudo o que fez por mim e tudo o que abdicou por mim, mesmo quando tinha todas as razões para não o fazer. Quando chegar combinamos um café ou qualquer coisa, quando estiveres disponível, ok? Conversamos um bocado, e eu tenho umas coisas para ti. Fico à espera de uma mensagem.


Menos de uma semana, até logo! <3

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